Em mais de cinco décadas de carreira, a carioca Glória Maria Matta da Silva, filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, contou histórias do mundo. E fez história no jornalismo brasileiro. Abriu caminhos para mulheres negras e tornou-se uma referência para centenas de profissionais. Na manhã desta quarta-feira, dia 2 de fevereiro, a jornalista e apresentadora morreu e deixa duas filhas, Laura e Maria.
Em 2019, Gloria foi diagnosticada com um cancro no pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, também com êxito incialmente. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias.
Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e os seus profissionais. Após passar pelo ‘Jornal Hoje’, ‘Bom Dia Rio’ e ‘RJTV’, chegou ao ‘Fantástico’ em 1986, programa que apresentou de 1998 a 2007.
A curiosidade de Gloria Maria desbravou fronteiras. Em viagens por quase 200 países, Gloria Maria andou lado a lado com a história. Participou em coberturas como a da Guerra das Malvinas, em 1982; a posse do presidente americano Jimmy Carter, em 1977; os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996; O Mundial de Futebol em França, em 1998, entre outras. Com seu jeito tão particular, arrancava declarações divertidas e reveladoras de entrevistados tão distintos como Michael Jackson, Usain Bolt, Paulo Coelho, Harrison Ford, Leonardo Di Caprio, Roberto Carlos e Madonna.
Após apresentar o programa ‘Fantástico’ durante dez anos, Gloria Maria partiu para um período sabático e ficou afastada da televisão 2007 e 2009. E retornou, no ‘Globo Repórter’, onde levou os brasileiros por viagens e aventuras inesquecíveis. Do Brunei, o “país da felicidade”, a uma descida pelo rio Colorado, no Grand Canyon. De um passeio de camelo pelo deserto de Omã a conversas com encantadores de serpentes no Marrocos. Cruzou o deserto do Saara, fez um salto de bungee jumping na China e viveu uma antológica experiência psicodélica na Jamaica. Foi repórter do programa a partir de 2010 e, nove anos depois, assumiu também a apresentação, ao lado de Sandra Annenberg.
Em 1998, foi convidada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Juventude (Unicef) para ser uma das apresentadoras de um concerto beneficente para a Etiópia. Dez anos depois, em 2008, foi homenageada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro com a Medalha Chiquinha Gonzaga.
Gloria Maria descontraía sem perder o senso da notícia. Viveu, amou e trabalhou plenamente, enquanto escrevia linhas importantes da história do jornalismo brasileiro.
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